Tenho ideia que a maior parte das pessoas não sabe muito bem o que é um Arquivo. Há uma vaga ideia de que é o tipo de sítio onde se encontram papéis velhos e vasculhando talvez apareça alguma coisa com interesse. Mas parece-me, também por experiência pessoal, que a maior parte das pessoas não pensam ir a um arquivo a menos que precisem da cópia da certidão de nascimento do avô ou da planta casa.
A verdade é que os arquivos são locais fantásticos, especialmente se estivermos munidos de um pouco de curiosidade e não nos limitarmos ao Google e à wikipedia...
Na semana passada assisti a uma aula sobre arquivos comunitários, e que não são mais que colecções construídas pelas pessoas de um determinado local, em que as pessoas são envolvidas activamente na construção da sua memória do ponto de vista delas, com a ajuda de arquivistas. E enquanto estava a ouvir a Dr. Jill Barber a falar sobre o trabalho que tem desenvolvido em Hertfordshire fiquei a pensar que seria fantástico envolver mais as pessoas com os arquivos em Portugal. Lembrei-me que se poderia pegar em fotografias locais e mapas e trabalhar com escolas para explorar os locais onde as crianças vivem, e perceber pela voz delas o que acham desses locais; e da mesma forma falar com a população mais idosa e recolher as suas histórias. Sim, implica encontrar a estratégia certa, muito trabalho, persistência, entusiasmo e fundos monetários que nem sempre existem. Há obstáculos sim, mas não seria também uma forma de defender o arquivo? De demonstrar o seu valor? Fiquei a pensar nisto...
sábado, 27 de março de 2010
Archives aren’t only for researchers [EN]
I have this idea that most people doesn’t know very well what an Archive is. There is this vague idea that it is the kind of place where you can find old papers, and if you search well, you may find something of interest. But it also seems to me that most people don’t think of going into an Archive unless they need their grandfather’s birth certificate or the house plan.
Truth is Archives are fantastic places especially if we are equipped with a little bit of curiosity and if we don’t limit ourselves to Google or Wikipedia...
Last week I assisted to a lecture about community archives, which aren’t more than collections built by the people of a given place, in which people are actively involved in building their memory from their own point of view, with the help of archivists. And while I was hearing Dr. Jill Barber talking about the work she has been doing in Hertfordshire I keep thinking how wonderful it would be to get people more involve archives in Portugal. I thought we could pick old local pictures and maps and work with schools to explore the places where kids live, and to understand through their voices, what they think of those places; the same way, we could talk with the aged population and collect their histories. Yes, it does implies to find the right strategy, lots of work, perseverance, enthusiasm and monetary funding that doesn’t always exist. Of course there are obstacles, but wouldn’t it be also a way to preserve the Archive? Of showing its value? It kept me thinking…
Truth is Archives are fantastic places especially if we are equipped with a little bit of curiosity and if we don’t limit ourselves to Google or Wikipedia...
Last week I assisted to a lecture about community archives, which aren’t more than collections built by the people of a given place, in which people are actively involved in building their memory from their own point of view, with the help of archivists. And while I was hearing Dr. Jill Barber talking about the work she has been doing in Hertfordshire I keep thinking how wonderful it would be to get people more involve archives in Portugal. I thought we could pick old local pictures and maps and work with schools to explore the places where kids live, and to understand through their voices, what they think of those places; the same way, we could talk with the aged population and collect their histories. Yes, it does implies to find the right strategy, lots of work, perseverance, enthusiasm and monetary funding that doesn’t always exist. Of course there are obstacles, but wouldn’t it be also a way to preserve the Archive? Of showing its value? It kept me thinking…
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Responsabilidade e transparência [PT]
A propósito dos processos do Ministério da Justiça encontrados no lixo
A gestão de arquivos não trata apenas de manter documentos a salvo, trata também de conservar evidências, de uso responsável e de transparência.
Quando nos apercebemos que existem procedimentos de arquivo que não são completamente eficazes, que a segurança dos registos não é assegurada, começamos a duvidar das instituições nas quais deveríamos confiar. Para que as instituições mantenham a sua credibilidade, tanto internamente, como para o exterior (e no caso das instituições governamentais, para os cidadãos), é essencial ter políticas claras sobre a forma como os documentos são tratados, como são avaliados, como podem ser acedidos e eliminados (seja por destruição, seja mantendo-os como testemunhos valiosos). Afinal de contas, não podemos negar o papel dos arquivos e a sua importância em avivar a nossa memória, em provar os nossos feitos.
A gestão de arquivos não trata apenas de manter documentos a salvo, trata também de conservar evidências, de uso responsável e de transparência.
Quando nos apercebemos que existem procedimentos de arquivo que não são completamente eficazes, que a segurança dos registos não é assegurada, começamos a duvidar das instituições nas quais deveríamos confiar. Para que as instituições mantenham a sua credibilidade, tanto internamente, como para o exterior (e no caso das instituições governamentais, para os cidadãos), é essencial ter políticas claras sobre a forma como os documentos são tratados, como são avaliados, como podem ser acedidos e eliminados (seja por destruição, seja mantendo-os como testemunhos valiosos). Afinal de contas, não podemos negar o papel dos arquivos e a sua importância em avivar a nossa memória, em provar os nossos feitos.
Accountability and transparency [EN]
On the records from the Portuguese Ministry of Justice found in the trash
Recordkeeping isn’t just about keeping records safe, it is also about keeping evidence, responsible use and transparency. It is about democracy and having means to ensure that individuals and entities may become responsible for their actions.
When we learn that record policies are not fully effective, that the safety of records is not ensured we start doubting the institutions on which we should rely. For institutions to keep their credibility, either internally, but also to the exterior, (and in the case of governmental institutions, to citizens) it is essential to have clear policies on the way we treat documents, on the way we appraise them, we set access and dispose them, either by destroying them, either by keeping them as valuable testimonies. After all, we can’t neglect the role of records and their importance on bringing our memory alive, on proving our deeds.
Recordkeeping isn’t just about keeping records safe, it is also about keeping evidence, responsible use and transparency. It is about democracy and having means to ensure that individuals and entities may become responsible for their actions.
When we learn that record policies are not fully effective, that the safety of records is not ensured we start doubting the institutions on which we should rely. For institutions to keep their credibility, either internally, but also to the exterior, (and in the case of governmental institutions, to citizens) it is essential to have clear policies on the way we treat documents, on the way we appraise them, we set access and dispose them, either by destroying them, either by keeping them as valuable testimonies. After all, we can’t neglect the role of records and their importance on bringing our memory alive, on proving our deeds.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Recursos on-line sobre arquivos portugueses [PT]
Não estando tão ciente como deveria, do enquadramento profissional dos arquivistas em Portugal, ocorrem-me muitas questões. Muitas delas terão respostas complicadas mas outras terão, certamente, respostas óbvias (mesmo essas necessitam de ser perguntadas).
Na semana passada um dos meus professores, a propósito de um trabalho da disciplina de contextos profissionais internacionais, comentou que depois de fazer alguma investigação se deparou com muita informação sobre os arquivos em Portugal, mas toda ela em português. E isto faz sentido, se pensarmos na comunidade portuguesa de arquivistas, na divulgação do papel dos Arquivos e dos Arquivistas à sociedade portuguesa… mas pensando do ponto de vista da comunidade de arquivistas ‘global’, parece-me que o uso exclusivo da língua portuguesa pode ser um obstáculo para a partilha de conhecimento e de práticas. Cada vez mais, me faz sentido partilhar, trocar experiências, aprender com o que de melhor se faz no mundo (no qual Portugal se inclui), questionar em conjunto.
Na semana passada um dos meus professores, a propósito de um trabalho da disciplina de contextos profissionais internacionais, comentou que depois de fazer alguma investigação se deparou com muita informação sobre os arquivos em Portugal, mas toda ela em português. E isto faz sentido, se pensarmos na comunidade portuguesa de arquivistas, na divulgação do papel dos Arquivos e dos Arquivistas à sociedade portuguesa… mas pensando do ponto de vista da comunidade de arquivistas ‘global’, parece-me que o uso exclusivo da língua portuguesa pode ser um obstáculo para a partilha de conhecimento e de práticas. Cada vez mais, me faz sentido partilhar, trocar experiências, aprender com o que de melhor se faz no mundo (no qual Portugal se inclui), questionar em conjunto.
On-line resources on portuguese archives [EN]
Not being as aware as I should, about the professional framework of archivists in Portugal, a lot of questions come to my mind. Many of them may have complicated answers but others, will certainly have obvious answers (even those need to be asked).
Last week, one of my teachers, regarding a class assignment for the International Professional Contexts, made a comment on how, after some research on Portuguese archives, he found a lot of information on-line, but, all of it in Portuguese. And this makes sense, if we think on the Portuguese community of archivists, and in the transmission of the role of the Archives and Archivists to the Portuguese society… but when we come to think from the point of view of the ‘global’ community of Archivists, it seems to me that, the exclusive use of the Portuguese language can be an obstacle to the sharing of knowledge and practice. More and more, it makes me sense to share, exchange experience, learn with what is best done in the world (where Portugal is included), question together.
Last week, one of my teachers, regarding a class assignment for the International Professional Contexts, made a comment on how, after some research on Portuguese archives, he found a lot of information on-line, but, all of it in Portuguese. And this makes sense, if we think on the Portuguese community of archivists, and in the transmission of the role of the Archives and Archivists to the Portuguese society… but when we come to think from the point of view of the ‘global’ community of Archivists, it seems to me that, the exclusive use of the Portuguese language can be an obstacle to the sharing of knowledge and practice. More and more, it makes me sense to share, exchange experience, learn with what is best done in the world (where Portugal is included), question together.
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Archives Archivists Professionalism Portugal
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